O número de pessoas retidas em túneis ou em zonas montanhosas isoladas no rescaldo do sismo de magnitude 7,4 na escala de Richter que assolou Taiwan na quarta-feira (3/4), aumentou de 101 para 660, segundo as autoridades locais. Pelo menos 38 pessoas continuam incontactáveis, sendo que, até ao momento, foram registadas dez mortes e 1.067 feridos.
Quase todos os hóspedes e funcionários de um hotel remoto estão presos devido aos danos provocados nas estradas pelo terramoto mais poderoso a atingir Taiwan em 25 anos, segundo a BBC. As autoridades estão a procurar a melhor forma de os resgatar, tendo, contudo, largado alimentos através do ar nestas zonas isoladas.
Três das nove vítimas mortais contabilizadas até ao momento estavam a caminhar num trilho ligado ao Parque Nacional Taroko, nos arredores de Hualien. Na capital, os trabalhos de remoção de escombros prosseguem, passando pela demolição de edifícios danificados.
De acordo com a BBC, funcionários de organizações humanitárias removeram, esta manhã de quinta-feira, pedras do tamanho de carros que tinham caído perto das linhas ferroviárias, por forma a que os serviços retomem. Também foram colocadas pedras junto ao chamado Edifício Urano, uma estrutura de 10 andares que ficou inclinada como consequência dos tremores, para evitar que caia.
O mesmo meio adiantou que, segundo relatos da população, uma professora morreu quando regressou ao edifício para tentar resgatar o seu gato.
Hsu Chiu-yueh, que estava a trabalhar em frente ao prédio no momento do sismo, recordou o medo que sentiu.
“Tremia tanto que mal conseguia andar. Estava com muito medo. Senti que já não tinha controlo das pernas. Os meus colegas arrastaram-me para que pudéssemos sair dali. Havia muito pó a entrar no nosso edifício. Depois apercebemo-nos de que vinha do prédio do outro lado da rua e que tinha ruído parcialmente”, contou.
O governo local informou, esta quinta-feira, que há 92 edifícios danificados nas áreas afetadas, pelo que mais de 200 pessoas foram colocadas em abrigos no condado de Hualien. Quase 10 mil famílias estão sem água e mais de 300 sem eletricidade, noticiou a CNN.
“É muito assustador ficar sozinha. Tomei três comprimidos para dormir, mas ainda não consegui dormir”, confessou Wang Qiu Xia Zhen, de 81 anos, que optou por pernoitar num abrigo de emergência por ter medo de estar sozinha.
Recorde-se que a ilha foi abalada por mais de 300 réplicas desde o primeiro sismo, tendo o Governo alertado a população para o perigo de deslizamentos de terra e queda de rochas.
O presidente eleito e atual vice-presidente da ilha, William Lai Ching-te, visitou Hualien na quarta-feira e referiu que o Governo já destinou 300 milhões de dólares de Taiwan (8,64 milhões de euros) para apoiar a região.
Taiwan é regularmente atingida por sismos, mas regulamentos de construção rigorosos e uma boa preparação para desastres naturais parecem ter evitado uma catástrofe na ilha.
O sismo levou à emissão de avisos de tsunami em Taiwan, no Japão e nas Filipinas, entretanto já levantados, e foi sentido em Xangai e em várias províncias ao longo da costa sudeste da China, de acordo com os meios de comunicação chineses.
A China continental e a ilha principal de Taiwan estão separadas por cerca de 160 quilómetros.
Taiwan situa-se ao longo do “Anel de Fogo” do Pacífico, a linha de falhas sísmicas que circunda o Oceano Pacífico e onde ocorre a maior parte dos sismos do mundo.
O pior sismo dos últimos anos em Taiwan ocorreu em 21 de setembro de 1999, com uma magnitude de 7,7, causando 2.400 mortos e cerca de 100 mil feridos, e destruindo milhares de edifícios.