Evangélica, cantora, arquiteta, empresária e influenciadora, a jovem Débora Gama foi a convidada do último episódio da terceira temporada do podcast PodCrê. Recém-casada com Gabriel Brasil, ela é filha da empresária Márcia Gama com o traficante Marcinho VP, que já foi apontado como um dos dois principais líderes da facção Comando Vermelho, juntamente com Fernandinho Beira-Mar. Preso em 1996, ele cumpre pena no Presídio Federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, desde janeiro deste ano.

Envolvida com a música desde a infância, Débora Gama lançou álbuns ao lado do irmão Lucas Gama e também em carreira solo e chegou a gravar algumas canções escritas pelo pai.

– Meu pai é um compositor maravilhoso. Deus dá canções incríveis para ele e até hoje escreve. Inclusive, ele, recentemente, me mandou uma carta com várias músicas e disse que elas têm que entrar no meu próximo álbum. Quando a gente grava e mostra como ficou, ele fica com raiva, porque a melodia e as letras têm que ser exatamente da forma que ele colocou. Ele é a pessoa que mais incentiva a gente tanto no ministério quanto na carreira e na profissão. Tudo tem muito o dedo do meu pai – conta.

Durante a conversa, Débora chegou a se emocionar por lembrar do preconceito que sofreu e ainda sofre por ser filha de Marcinho. Ela relata que houve uma fase em que a mãe conseguiu blindar tanto ela quanto os irmãos, mas ela afirma que encontrou sua verdadeira identidade em Cristo.

– A gente por muito tempo se escondeu, mas pai é pai independente de qualquer coisa. Tentaram nos rotular pela situação do meu pai, mas em Cristo nós encontramos a nossa real identidade e eu vejo que Deus tem me levantado para falar muito sobre identidade e paternidade. Nesse processo, Deus ressignificou a minha identidade e me fez entender que Deus é o meu Pai e que Ele me preenche. Eu tive as minhas crises de identidade de sempre querer me validar de alguma forma, mas em Deus eu consegui dizer para as pessoas de fato quem eu sou – afirma a jovem.

Muito apegada ao pai, Débora Gama revela que sempre sofreu com a ausência de Marcinho, principalmente nos aniversários, e que sentiu a necessidade de liberar perdão por essa falta que sempre sentiu.

– Minha mãe, eu e meu irmão participamos do Método CIS, do Paulo Vieira, e teve um momento que eles falaram sobre o perdão e tocaram na questão de ter um pai ausente. Eu peguei meu celular e comecei a gravar um vídeo como se estivesse falando para o meu pai. Estava próximo do meu casamento e eu disse: “Pai, eu te perdoo por não entrar comigo no meu casamento, que eu sempre esperei por esse momento”. Meu pai não estava comigo nos meus 15 anos, nos momentos importantes da minha vida, mas sempre esperei de ele estar comigo no meu casamento me conduzindo ao altar. Falei: “Pai, eu te perdoo por não me conduzir até o altar no meu casamento”. Deus sabia desses conflitos que eu tinha e uma vez eu estava orando sobre o meu casamento e eu fui ministrar em uma igreja e um pastor que não me conhecia e eu nunca tinha visto veio na minha direção e disse: “Eu sei que você é órfã de pai vivo e eu tenho uma coisa para te dizer: ‘Aquele caminho quem vai fazer contigo Sou Eu, o Seu Deus. Eu Sou o Teu Pai’”.

Débora Gama é irmã do rapper Oruam, que virou notícia por se apresentar no palco do Lollapalooza deste ano usando uma camisa com a imagem do pai e pedindo a liberdade de Marcinho VP. Ela conta que o irmão – cujo nome artístico é Mauro ao contrário – foi apresentado na igreja e já revelou o sonho de voltar para Jesus.

– Todos nós cinco fomos criados na igreja. Todos se batizaram nas águas, frequentaram o ministério das crianças e dos adolescentes, participaram de retiro, passamos por todas as etapas dentro da igreja. O Mauro foi apresentado no altar e eu sei que a gente vai viver as promessas de Deus. Teve um festival em que o entrevistador perguntou quais eram as três coisas que ele gostaria de fazer antes de morrer. Ele falou que a primeira é ver nosso pai livre, a segunda é ter dez filhos e depois ele falou que quer voltar para Jesus. Ele sabe a verdade e creio que é uma questão de tempo para ele reconhecer o chamado dele. A gente falava que vai ter uma igreja. Eu e o Lucas vamos ser os ministros de louvor, o meu pai vai ser o pastor e o Mauro vai ser o líder de jovens. Eu tenho certeza absoluta de que a gente vai viver aquilo que carregamos, porque Deus chamou a nossa família – declara Débora Gama.